Para que você possa se familiarizar com o tema é fundamental entender todo o processo da cadeia produtiva de carne bovina. Até chegar ao consumidor final, existem várias etapas importantes para entregar um produto de qualidade, assim como todos os processos.
Se tratando da cadeia de produção de carne bovina, o qual ocupa posição de destaque na economia do país, todos os agentes envolvidos na cadeia podem apresentar grande heterogeneidade, desde pequenos pecuaristas/produtores a grandes latifundiários especializados, como também frigoríficos de menor e maior escala.
A cadeia pode ser dividida em 5 grandes elos:
1) Insumos– englobando todos agentes de insumos básicos, como adubos, rações, produtos veterinários e etc., material genético quando necessário;
2) Produção da matéria prima – produtores/empresas rurais, o qual podem ser caracterizados de acordo com a fase da produção especializada, como cria, recria e engorda; tais fases podem estar integradas (ser exercida por um responsável) ou fragmentadas;
3) Indústria – responsáveis pelos abates e processamento dos animais e seus produtos e subprodutos;
4) Comercialização – etapa de comercialização do produto, diretamente por exportações, atacadistas e varejistas, quando destinada a mercado interno;
5) Consumo final – consumidor final, foco de todos agentes da cadeia de produção.
Vale destacar as fases de produção: a cria como fase que refere-se a reprodução e o crescimento do bezerro até a desmama (aproximadamente 6 a 8 meses); a recria trata-se parte da desmama até o início de engorda dos machos/fêmeas e/ou início de reprodução das fêmeas; e por fim, a engorda refere-se ao período de engorda dos animais até o momento do abate, podendo esta ser feita em diferentes sistemas de produção, que serão elucidados mais à frente.
No âmbito das características de terminação desses animais, no Brasil existem basicamente 3 segmentos de sistemas de produção: extensivos, semi-intensivos e intensivos. Favorecido pelo seu vasto território disponível e clima adequado, predominasse, portanto, a terminação a pasto (extensivo), entretanto vêm aumentando o uso de suplementação (como sal proteínado, semi-confinamento ou confinamento a pasto, que são classificadas como semi-intensivo). A modalidade de confinamento tradicional (intensivo) responde por aproximadamente 10% do abate, algo em torno de 3 milhões de cabeças.
Além dos custos de produção básicos, há outros fatores que influenciam no preço da @ do boi gordo e, consequentemente, no preço da carne, tais como milho e soja utilizados na suplementação dos animais, e também fatores econômicos como taxa de câmbio, sazonalidade, crescimento de rebanho, demanda, entre outros. Assim sendo, todos esses fatores acabam por influenciar a variação do preço da @ do boi gordo e, assim, precisam ser acompanhados e analisados para uma melhor precificação do produto, além de variáveis de mercado relacionas à oferta e a demanda.
Fatores que influenciam o preço da carne bovina
A influência da lei da oferta e procura está presente no dia a dia das negociações na aquisição da matéria prima. De maneira geral e simplificada, a lei da oferta e procura influi sobre os preços em decorrência da quantidade de produtos que disponibilizam em determinado período de tempo versus a necessidade do mercado em absorver.
No caso da pecuária, essa relação tem grande influência na formação preços pagos pelos animais. Em épocas de superofertas, ou safra como é conhecida, as indústrias buscam a baixa dos preços em decorrência da maior disponibilidade de animais. O inverso também é verdade, ao passo que, quando a oferta de animais passa a ficar mais restrita, os pecuaristas buscam retardar as vendas, quando possível, em busca de valorização nos preços pagos. Contudo, mesmo sendo de grande influência e importância, há outros fatores que devem ser analisados na formação do preço.
A volatilidade do mercado frigorífico foi pauta de diferentes estudos, que pontuaram e analisaram as principiais pontos conflitantes entre os elos da cadeia, como rendimento de carcaça, preço efetivamente pago, tipificação e etc Há um número limitado de estudos empíricos que procuram identificar os fatores que determinam o preço da @boi para a realidade brasileira. Os trabalhos neste campo concentram-se, sobretudo, no uso da previsão do preço a partir dos valores de contratos futuros. A despeito da importância desse perfil de estudo, deve-se pontuar para a limitação desses dados, considerando que:
1) mais de 70% dos contratos firmados entre produtores e abatedouros não são negociados na bolsa;
2) apesar dos contratos futuros de @boi apresentarem liquidez no mercado, o mercado futuro no país é assimétrico entre os agentes;
3) é provável que os agentes que operam no mercado tenham seus modelos preditivos que os influenciam na formação do preço do contrato futuro, a partir do recebimento de novas informações.
Diante desses fatores, há necessidade de se explorar na literatura as premissas (variáveis) que influenciam o preço da @boi. A partir da revisão da literatura, notou-se que as diferentes variáveis utilizadas na precificação da @boi ou na valoração de propriedades podem ser congregadas em dois eixos:
1) Fatores produtivos: preço de insumos relacionados à alimentação (milho e soja); uso dos sistemas de produção; sazonalidade; preço da terra.
2) Fatores de mercado e institucionais: câmbio; embargos econômicos e de fiscalização; renda da população; preço da carne de frango.
Em um próximo post, vamos abordar essas variáveis mais detalhadas com o suporte da literatura
fonte: artigo unesp
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