A degradação de pastagens ocorre em todas as regiões do Brasil, contribuindo para que uma proporção considerável das áreas de pastagens no País esteja sendo usada muito abaixo do seu real potencial. Uma causa importante dessa condição é a tradição de desleixo no uso de insumos e de tecnologia que ainda persiste no manejo de muitas áreas de pastagens no Brasil.
Essas situações de descaso com o manejo da pastagem geralmente
ocorrem onde a pecuária não é conduzida profissionalmente, como uma atividade econômica de caráter empresarial, isto é, onde a atividade, independentemente da grandeza do empreendimento pecuário, não é administrada de forma eficiente, responsável e racional.
O que é a degradação da pastagem ?
A degradação da pastagem é a queda acentuada e contínua da produtividade da pastagem, no decorrer do tempo.
Como saber se a pastagem está degradando?
A forma mais prática de avaliar se a pastagem está degradando é acompanhar a sua “capacidade de suporte” no decorrer do tempo. A capacidade de suporte é o número de animais que é possível manter, em uma determinada área de pasto, sem ocasionar prejuízo (perda de peso ou produção de leite) para o desempenho dos animais e para o desenvolvimento da pastagem (pasto “rapado” ou pasto “passado”).
Assim, se ano a ano o número de animais possível de ser mantido em uma determinada pastagem estiver diminuindo, muito provavelmente essa pastagem está degradando. Outros indícios da degradação da pastagem são o aumento no percentual de plantas daninhas e de áreas do solo descoberto (sem vegetação) e a consequente diminuição no percentual de capim (ou de leguminosas forrageiras) na área da pastagem.
Como recuperar pastagens degradadas?
Existem diferentes opções para reverter o processo de degradação das pastagens, isto é, transformar pastos pouco produtivos ou improdutivos em pastos produtivos. Assim,
de acordo com o nível e o tipo de degradação da pastagem e a capacidade de investimento e qualificação técnica do pecuarista, as opções são apresentadas a seguir
Recuperação direta: Recomposição da produtividade da pastagem e da cobertura
do solo pelas forrageiras. É a forma mais simples e relativamente menos onerosa de recuperar um pasto. Geralmente, consiste em controlar as plantas daninhas e ajustar a fertilidade do solo, por meio de adubação, com base em resultado de análise de
solo.
Renovação: Formação de uma nova pastagem. Na renovação da pastagem,
além da correção da fertilidade do solo, também é feito o replantio da forrageira com mudança ou não da espécie. Nesse caso, há necessidade de preparo do solo. Dependendo da situação, a renovação pode ter um custo, em média, até três
vezes maior do que o da recuperação direta.
Recuperação/renovação indireta:
Integração com lavoura ou floresta. Na recuperação/renovação indireta, a formação da pastagem é integrada com o plantio de lavoura (ILP), lavoura mais floresta (ILPF) ou apenas floresta (sistema silvipastoril), como forma de recuperar a fertilidade do
solo, obter renda em curto prazo, ou diversificar a geração de renda.
Custos e retorno financeiro
Apesar de o investimento para o produtor adotar a “pastagem empresarial” ser em torno de 60% maior do que para manter uma pastagem tradicional (apenas com o controle periódico de plantas daninhas e de insetos-praga), os ganhos (retorno) são
compensadores. O pecuarista que adota a “pastagem empresarial”, mantendo desde a sua formação a pastagem produtiva e com capacidade de suporte adequada para o rebanho, estará intensificando, de forma racional a atividade pecuária e diluindo os custos dessa intensificação racional ao longo dos anos, em decorrência da maior produtividade da pastagem.
As informações apresentadas nesta publicação são baseadas em estudos já publicados e em informações práticas endossadas pela nossa operação agro. Sugere-se a leitura das publicações listadas a seguir para que sejam obtidas informações mais detalhadas sobre os temas aqui abordados.
DIAS-FILHO, M. B. Degradação de pastagens: processos, causas e estratégias
de recuperação. 4. ed. reimp. Belém, PA: Embrapa Amazônia Oriental, 2011.
215 p.
DIAS-FILHO, M. B. Formação e manejo de pastagens. Belém, PA: Embrapa
Amazônia Oriental, 2012. 9 p. (Embrapa Amazônia Oriental. Comunicado
técnico, 235).
FERNANDES, P. C. C.; GRISE, M. M.; ALVES, L. W. R.; SILVEIRA FILHO, A.; DIASFILHO, M. B. Diagnóstico e modelagem da integração lavoura-pecuária
na região de Paragominas, PA. Belém, PA: Embrapa Amazônia Oriental,
2008. 31 p. (Embrapa Amazônia Oriental. Documentos, 327).
TOWNSEND, C. R.; COSTA, N. de L.; PEREIRA, R. G. de. A. Aspectos econômicos
da recuperação de pastagens no bioma Amazônia. Porto Velho: Embrapa
Rondônia, 2009. 28 p. (Embrapa Rondônia. Documentos, 131).
VILELA, L.; BARCELLOS, A. de O.; SOUSA, D. M. G. de. Benefícios da integração
entre lavoura e pecuária. Planaltina, DF: Embrapa Cerrados, 2001. 21 p.
(Embrapa Cerrados. Documentos, 42).
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